Por que um microrganismo pode gerar um produto para uso na agricultura?

 

Um microrganismo é por definição um organismo que não pode ser visível a olho nu.

Dentro deste conceito são enquadrados: bactérias, arqueias, fungos, protozoários, cianobactérias e vírus.

Os microrganismos habitam virtualmente todos os ambientes, de regiões mais quentes (fontes termais), até regiões mais frias (continente Antártico), ambientes ácidos, até ambientes alcalinos. Esta capacidade de ocupar nichos tão variados só é possível devido a grande versatilidade funcional (genética/metabólica/fisiológica) que estes microrganismos possuem.

Estes organismos estão presentes de forma muito abundantes também em solos e em associação com as plantas. Nos ambientes naturais, os microrganismos, buscam de maneira geral uma fonte de carbono e de energia para manter suas atividades metabólicas e consequentemente sobreviver.

Devido a grande variabilidade apresentada acima, em uma pequena amostra de solo iremos encontrar diferentes espécies desempenhando diferentes funções. Em um ambiente como o solo, por exemplo, temos a presença de microrganismos que dependem de glicose como fonte de carbono, e quando na presença de um fragmento de matéria orgânica (folhas, restos vegetais...) liberam enzimas que atacam a celulose, acessando e consumindo a glicose. Este processo "simples" leva ao processo de ciclagem de nutrientes e contribuem de forma decisiva para a manutenção dos sistemas, naturais e agrícolas.

Outros, apresentam no seu arsenal metabólico a enzima nitrogenase, responsável pela fixação biológica do Nitrogênio atmosférico. Ao captar o N2, essas bactérias quebram a tripla ligação presente entre os átomos de nitrogênio e em seguida convertem em formas combinadas como NH3, tornando então esta molécula assimilável pelas plantas que precisam do elemento para realizar diversos processos do metabolismo primário.

Ainda no solo, existem alguns microrganismos capazes de produzir enzimas que apresentam a capacidade em atuar na solubilização de compostos como fosfato e potássio. Durante este processo, os elementos então ficam disponíveis para as plantas. 

Vários outras espécies desenvolveram ao longo da evolução a capacidade de ser altamente competitiva por espaço e nutrientes, e assim tendo a capacidade de produzir diversos compostos capazes eliminar um possível concorrente (bactérias, fungos, nematoides). Sendo capazes então de colonizar sítios específicos e metabolizar os componentes disponíveis.

Quando consideramos e estudamos o microbioma vegetal entendemos que estes processos também acontecem no interior das plantas. Algumas plantas abrigam grupos específicos de microrganismos, que devido ao seu metabolismo, produzem hormônios vegetais, como auxinas, e disponibilizam prontamente para a planta, outros produzem aminoácidos capazes de ativar sistema de defesa do seu hospedeiro.

Assim, analisando o comportamento e as relações biológicas, é fácil tentar entender os mecanismos envolvidos nos processos, e como esse conhecimento pode ser transformado em tecnologia e entregue ao produtor rural, por exemplo. 

Então um microrganismo pode gerar um produto para uso na agricultura porque possui um arsenal metabólico que possibilita, de forma direta ou indireta, o desenvolvimento das plantas em ambientes naturais e agrícolas, aumentando a produtividade vegetal e representando menor impacto ambiental e social.

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