Espécies de Bacillus e a sua versatilidade para formulação de bioinsumos de uso agrícola
Por que os produtos biológicos bacterianos, registrados para uso na agricultura, são majoritariamente formulados com as espécies de Bacillus spp.?
A formulação, sem dúvidas é uma das etapas mais importantes para o desenvolvimento de um produto biológico para agricultura. A formulação deve garantir, entre outras características, a estabilização do produto, a proteção celular, o shelf life... Ao se utilizar espécies de Bacillus parte destes problemas são resolvidos devido a capacidade destas espécies em produzir endósporos.
Endósporos são estruturas de resistências que são formados e "nutridos" completamente dentro de uma célula mãe, a qual deve ser lisada para liberar o endósporo no meio ambiente (Figura 01)
Para além da produção de endósporos, as espécies de Bacillus são metabolicamente muito diversas e apresentam potencial para utilização em diversos segmentos, havendo relevante destaque para a agricultura.
Bacillus thuringiensis: espécie amplamente distribuída em diversos ambientes, conhecida como o bioinseticida microbiano de maior sucesso contra diferentes ordens de insetos pragas na agricultura. Cepas dessa espécie produzem, durante a fase de esporulação, proteínas cristais (Cry), que são tóxicas para uma ampla variedade de insetos pragas, como Lepidóptera, Coleóptera e Díptera. Esta espécie tem sido amplamente estudada com potencial para outras características como: toxicidade contra nematoides, ácaros e carrapatos, efeitos antagônicos contra bactérias e fungos patogênicos de plantas e animais, atividades de promoção de crescimento de plantas (PGPR), biorremediação de diferentes metais pesados e outros poluentes, biossíntese de nanopartículas metálicas, produção de biopolímero de poli-hidroxialcanoato e atividades anticâncer.
Bacillus subtilis: espécie amplamente distribuída no ambiente. Isolados da espécie aumentam a captação de N, solubilização de fosfato, produção de sideróforos e fitohormônios, promovendo crescimento vegetal. Seu efeito na supressão de doenças está relacionada com a síntese de antibióticos, competição por espaço e nutrientes, lise das hifas do patógeno e indução de resistência.
Bacillus licheniformis: é uma bactéria saprófita que ocorre em plantas e solos e é anaeróbica facultativa. A produção e secreção das enzimas catabólicas (proteases, quitinases e glucanases) e outras pequenas moléculas contribuem com a sua atividade contra nematoides. Há resultados comprovando seu efeito contra fungos fitopatogênicos a partir da síntese de uma proteína antifúngica extracelular, que um forte efeito inibitório.
Bacillus pumilus: cepas da espécie já foram relatadas como causadoras de doenças em humanos (bacteremia, intoxicação alimentar), em plantas (podridão do rizoma do gengibre), promoção de crescimento vegetal e potencial para controle biológico. A cepa MSUA3 é capaz de produzir e liberar quitinase e surfactina que atuam no controle de Rhizoctonia solani e Fusarium oxysporum. As cepas 39 e 20, foram capazes de inibir Pseudomonas syringae pv. tomato.
Bacillus amyloliquefaciens: mais de 9% do seu genoma é dedicado a produzir metabólitos antimicrobianos e nematicidas. A cepa FZB42 possui genoma com capacidade de produzir um espectro diverso de metabólitos secundários destinados a suprimir microrganismos e nematoides nocivos que vivem na rizosfera das plantas. Entre os metabólitos: Lipopetídeos com atividade direta antifúngica; Policetídeos não ribossomais e bacilisinas com atividade direta antibacteriana e Bacteriocinas que suprimem bactérias e namatoides.
Bacillus methylotrophicus: espécie relatada como promotora de crescimento vegetal. No entanto, diferentes cepas apresentam propriedades antimicrobianas, tais como a cepa H8 (atividade antagônica para Ralstonia solanacearum) e BC79 (atividade contra Magnaporthe oryzae e Botrytis cinerea). Outas cepa podem produzir biossurfactantes. Estudos com a cepa NKG-1, mostraram que é um eficiente agente de biocontrole contra 13 tipos de fungos fitopatogênicos de solo, incluindo Botryosphaeria dothidea, Phyllosticta ampelicide, Valsa ceratosperma e Botrytis cinerea.
Fontes:
Ge B, Liu B, Nwet TT, Zhao W, Shi L, Zhang K (2016) Bacillus methylotrophicus Strain NKG-1, Isolated from Changbai Mountain, China, Has Potential Applications as a Biofertilizer or Biocontrol Agent. PLoS ONE 11(11): e0166079. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0166079
Chowdhury SP, Hartmann A, Gao X and Borriss R (2015) Biocontrol mechanism by root-associated Bacillus amyloliquefaciens FZB42 – a review. Front. Microbiol. 6:780. doi: 10.3389/fmicb.2015.00780
Mohit Agarwal, Shrivardhan Dheeman, Ramesh Chand Dubey, Pradeep Kumar, Dinesh Kumar Maheshwari, Vivek K. Bajpai (2017). Differential antagonistic responses of Bacillus pumilus MSUA3 against Rhizoctonia solani and Fusarium oxysporum causing fungal diseases in Fagopyrum esculentum Moench, Microbiological Research,Volume 205,


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